sábado, 28 de abril de 2012

As Cruzadas

1. A sensibilização envolve o trabalho com um filme. A forma mais produtiva para que a obra cinematográfica não sirva como mero entretenimento e passatempo, mas sim como importante instrumento de trabalho, deve ser a orientação dos alunos para o que eles devem buscar nas cenas. Assim, cabe a o professor fazer um pequeno roteiro de acompanhamento do filme para os alunos. Este roteiro pode ser uma serie de questões que os alunos devem buscar a resposta ao assistirem ao filme.

2. Sensibilização dos alunos sobre o Tema com a apresentação do filme ou partes do filme "A Cruzada" (Kingdom of Heaven) de Ridley Scott.


Pequeno roteiro para acompanhamento
  1. Em que século se passa a ação do filme?
  2. Como a religiosidade das pessoas é apresentada? Há superstições em que elas acreditam?
  3. Como eram vistos os cruzados pelas pessoas comuns?
  4. Na época das Cruzadas, como era a locomoção das pessoas entre grandes extensões territoriais? Era uma viajem segura?
  5. Qual a importância de Jerusalém para o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo?
  6. Os cristãos haviam conquistado Jerusalém, mas o exército de Saladino ameaçava tomar a cidade. Você acredita que na vida real era possível um acordo entre os cristão e Saladino? Explique sua resposta.
  7. Você acredita que as Cruzadas se tratavam só de interesses religiosos? Cite uma cena do filme que confirme sua resposta.
  8. Como era a imagem e a importância dos Cavaleiros Templários? Qual a ligação deles com as relações de suserania e vassalagem do período?
  9. As relações entre cristãos e sarracenos eram sempre conflituosas ou havia espaço para diálogos? Havia conflitos internos dentro do grupo de cristãos?
  10. No final do filme, percebemos a superioridade do exército islâmico em comparação ao do Ocidente Cristão. Quais foram os fatores que o filme apresenta para a derrota cristã?


3. Após a sensibilização, o professor deve apresentar o que foram as Cruzada a partir das novas perspectivas sobre o assunto. Mostrar aos alunos que as motivações religiosas das Cruzadas eram tão importantes quanto as motivações econômicas ou políticas. O homem medieval era um homem religioso, isto é, um indivíduo que tinha na religião um aspecto fundamental de sua identidade. A conquista de Jerusalém nunca foi apenas um pretexto para a expansão comercial e agrária da Europa cristã.
Utilizaremos aqui um texto retirado de um livro didático do Profº Gilberto Cotrim:

Cruzadas

A guerra dos cristão

Na Idade Média, não havia uma distinção rígida entre o poder do clero e o dos nobres, entre a esfera religiosas e o mundo político. Isso pode ser percebido tanto no caso da Inquisição como no movimento das Cruzadas.
As Cruzadas foram expedições militares organizadas entre os séculos XI e XIII, por autoridades da Igreja Católica e pelos nobres mais poderosos da Europa. Seu objetivo declarado era libertar os lugares considerados santos que estavam em poder dos muçulmanos, como a região do Santo Sepulcro, em Jerusalém, local de peregrinações cristãs.
O surgimento das Cruzadas também costuma ser explicado por outros motivos, como o hábito guerreiro dos nobres feudais e o interesse econômico em retomar importantes cidades comerciais que haviam sido ocupadas pelos muçulmanos.
A primeira Cruzada foi organizada por nobres cristãos em 1096, atendendo ao apelo do papa Urbano II, feito em 1095 no Concílio de Clermont, para que se iniciasse uma guerra santa contra os muçulmanos. Do ano 1096 a 1270, costuma-se destacar a organização de oito Cruzadas ao Oriente Médio. Além dessas, houve outras expedições populares.

Consequências das Cruzadas

Cada Cruzada teve suas próprias características e resultados. No entanto, podemos esboçar as seguintes consequências gerais do movimento das Cruzadas:
  • empobrecimento de senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas pelos elevados custos das guerras;
  • fortalecimento do poder real, à medida que senhores feudais perdiam sua força;
  • "reabertura", especialmente para os comércios italianos, do mar Mediterrâneo e consequente desenvolvimento do intercâmbio comercial entre Europa e Oriente;
  • ampliação do universo cultural europeu, promovida pelo contato com os povos orientais.
4) Este período da História é um dos mais fáceis de se fazer paralelos com o atual momento da humanidade. Eu recomendo a utilização desse trecho de um texto de Alan Woods extraído da internet:

Os cruzados de George W. Bush

As cruzadas da Idade Média situam-se entre as páginas mais negras da história humana. Não há uma só palavra positiva que se possa dizer a seu respeito. Não, isto é, a menos que se nomeie George W. Bush. Naturalmente, o presidente dos Estados Unidos efetivamente conhece muito pouco da autêntica história das cruzadas, da mesma forma que sabe muito pouco de história em geral, ou qualquer outra coisa no que diz respeito ao assunto.
Vivemos na primeira década do século 21. De muitas maneiras, é um período muito excitante da história da humanidade. A ciência e a tecnologia avançaram a alturas inauditas. Muitos dos mais importantes avanços realizaram-se nos Estados Unidos. E todavia, noutros aspectos, a consciência humana retarda muito em relação aos progressos das forças produtivas, da ciência e da técnica.
Nos Estados Unidos de hoje a maior parte das pessoas acreditam em Deus e que o diabo existe. Milhões estão convencidos de que o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis e o restante da Bíblia são literalmente verdadeiros. Exigem que se ensine nas escolas americanas que Deus criou o mundo em seis dias, e que a primeira mulher foi feita de uma costela de Adão. O primeiro americano ao dar uma volta em torno da terra numa espaçonave, quando solicitado a dirigir uma mensagem aos povos do mundo, de toda a literatura mundial escolheu o livro do Gênesis.
A contradição entre o colossal avanço da ciência e o atraso extremo da consciência humana é uma contradição dialética. Em lugar nenhum esta contradição é tão clara quanto na mentalidade da ala direitista do grupelho neo-conservador republicano agora firmemente instalado na Casa Branca. Se pudéssemos abrir a cabeça George Bush e examinar as operações de seu cérebro, lá dentro veríamos todo o entulho, preconceitos e superstições do último milênio.
A mentalidade dessas damas e cavalheiros que se situam na direção do país mais poderoso e avançado do mundo não é fundamentalmente diferente da psicologia primitiva da Idade Média. Eles estão impregnados de religião, em sua mais crua e primitiva forma. Falam sobre o mundo em termos que facilmente poderiam ter sido usados pelos cruzados: "eixo do mal" e assim por diante. Revelam todas as peculiaridades psicológicas dos religiosos fanáticos a exemplo de Osama bin Laden e do Mullah Omar. A única diferença, conforme imediatamente protestarão, é que eles são bons, enquanto aqueles que sustentam pontos de vista contrários são maus - Bin Laden também pensa assim.
Os fanáticos religiosos são sempre potencialmente perigosos, especialmente quando têm armas em suas mãos. E George Bush tem mais armas que os demais. Acaba de matar um montão de gente no Iraque - homens, mulheres e crianças - numa guerra injusta e desnecessária. Nessas ações criminosas, ele recebeu entusiástico apoio de outro fanático religioso: Tony Blair, que recentemente anunciou estar preparado para "encontrar seu Criador" com a consciência limpa após a guerra do Iraque.
De forma semelhante, os cruzados medievais que patinhavam no sangue o faziam com a consciência pura, absolutamente convictos de que executavam o trabalho do Senhor. Moralmente, não há muita coisa a escolher entre os dois, exceto que os cruzados de antanho costumavam executar seu próprio trabalho sujo, enquanto Bush e Blair meramente ordenam que outros o façam.
A religião aqui serve de útil folha de figueira para encobrir os reais objetivos de guerra. Exatamente como o zelo religioso dos cruzados era a cobertura para outros e mais baixos motivos, os propósitos efetivos são mascarados por toda forma de "moral" hipócrita e até mesmo por considerações "humanitárias".
Não é verdade, segundo algumas pessoas têm argumentado, que a guerra ao Iraque seja um "conflito de culturas". Milhões de pessoas no Ocidente ativamente se opuseram à guerra, e ainda o fazem. São naturais aliados do povo iraquiano, não seus inimigos. Por outro lado, seria tolice acreditar que Bush e Blair invadiram o Iraque por causa de suas diferenças acerca de religião. Tinham outras coisas em mente!
Os cruzados foram para a Terra Santa com a cruz em seus estandartes. Mas eles logo se entregaram à tarefa de encher seus bolsos, pilhando cidades, tomando terras e lucrativas rotas comerciais. E nossos cruzados modernos foram para o Iraque vociferando acerca de liberdade, paz e democracia, mas fique-se certo de que prontamente lançaram suas mãos no petróleo. É necessário distinguir entre o irreal e o concreto!
Do ponto de vista moral, pouco há que escolher entre a barbárie da Idade Média e a de nossa própria época. A principal diferença é que o poder destrutivo dos exércitos modernos é infinitamente maior do que o da Idade Média.
É necessário lutar contra o barbarismo, por um mundo novo no qual a loucura e a superstição herdadas da Idade Média - e até de um passado mais remoto - seja para sempre relegado ao montão de lixo da história. O atraso das consciências será superado pela marcha dos acontecimentos - eventos tumultuosos que mexerão com a psicologia das massas e ocasionarão mudanças súbitas e drásticas. Velhas idéias, velhos preconceitos não sobreviverão. O caminho será preparado para uma nova maneira de pensar e agir, valiosa para os autênticos seres humanos.
(texto integral em http://www.marxist.com/george-bush-cruzadas.htm / visto pela última vez em 28/04/2012)
5) A avaliação pode ser feita de várias maneiras, mas devido a "atualidade" do assunto é uma ótima oportunidade para deixar o aluno se expressar de forma livre. Por isso, recomendo uma dissertação sobre o tema, no qual o professor deve buscar verificar se o aluno consegue relacionar os fatos ocorridos nas Cruzadas com suas motivações. O aluno deve se posicionar com relação a questão da tolerância religiosa e com a relação entre as civilizações na Idade Média e na atualidade.

Bibliografia:
COTRIM, G. História Global. Ed. Saraiva. 2011.
História : das sociedades sem Estado às Monarquias Absolutistas, volume 1 / Ronaldo Vainfas ... [et al.]. - São Paulo : Saraiva, 2010.
WOODS, A. George W Bush e as Cruzadas. em http://www.marxist.com/george-bush-cruzadas.htm (acessado pelo última vez em 28/04/2012)